domingo, 16 de dezembro de 2012

"O ESPIRITISMO E AS OUTRAS RELIGIÕES"

A palavra ‘religião’ vem do latim, do verbo 'religare', que significa 'religar'. A partir de sua própria etimologia, a função de uma religião deve ser a de tentar levar seus seguidores a estabelecer ligação com o plano espiritual. Hoje religião se mostra tão somente como um conjunto de sistemas culturais e de crenças, além de visões de mundo, que estabelece os símbolos que relacionam os seus seguidores com a espiritualidade e seus próprios valores morais. Muitas religiões têm narrativas, símbolos,tradições e histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana, passando a ser tão somente um sistema regulador da moral daqueles que a professam, através de constantes ameaças de punição. É uma tentativa de agradar a um deus desconhecido que “precisa” ficar satisfeito para não se encolerizar e mandar castigos para aqueles que se rebelam contra sua suposta lei. Lembremo-nos que Deus É. Consequentemente, Ele não precisa de mim, nem de ninguém. Nós, na verdade, somos os necessitados. Toda religião ensina e tenta tornar seus seguidores em pessoas éticas. A ética da convivência pacífica e honesta. Ora, como se pode então conceber alguém que se diz católico, ou evangélico ou espírita e leva uma vida de desonestidades, de falta de respeito para consigo mesmo e, sobretudo, para com os seus semelhantes? Como se pode compreender alguém que professa uma ética religiosa e vive uma vida de orgulho, prepotência e arrogância? E muitos ainda ainda argumentam que assim são e os outros que os aceitem assim. Onde ficam, então, as propostas do Cristo a quem dizem ser seguidores que nos convocam a mudanças íntimas para que possamos alcançar a verdadeira felicidade? A palavra religião é muitas vezes usada como sinônimo de fé ou sistema de crença, mas a religião difere da crença privada na medida em que tem um aspecto público. A maioria das religiões tem comportamentos organizados, incluindo hierarquias clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos, reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas para seus praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, festas, transe, iniciações, serviços funerários, serviços matrimoniais, meditação, música, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana. A pergunta feita atualmente e com certa frequência é “Religião salva?”. E a resposta é “NÃO”. Nem o Espiritismo ou qualquer outra religião salva. Primeiro, entendamos que ‘salvar’ é um verbo que inclui ‘de que’. Salva-se de um perigo, por exemplo. Se uma religião insiste em salvar é porque existe uma ameaça declarada ou velada para me levar a um determinado comportamento. ‘Salvar’ é tomar consciência da Verdade e o que faz o Espírito se salvar, nesse sentido, é o esforço da pessoa em praticar boas ações, instruir-se para vencer suas más inclinações, adquirir sabedoria e fazer todo o bem possível ao seu próximo. O que salva é a doutrina de Jesus, explicitada em seu Evangelho. Para os que ainda não sabem, Jesus é a entidade, ou espírito, responsável pelo nosso planeta Terra. Ele esteve aqui, no plano físico para revelar a Lei na sua maior clareza. Todo aquele que a compreende e a vivencia em espírito e verdade, entrará no Reino de Deus, ou seja, no mundo do entendimento da realidade. Antes de partir, depois de Sua experiência entre nós, Jesus Cristo nos prometeu o Consolador Prometido e o Consolador Prometido por Jesus é a Doutrina Espírita. Ela veio fazer renascer no mundo a doutrina do Cristo, o Cristianismo, que estava esquecida, abafada pela falta crença(ceticismo) do século XIX.. Trouxe as explicações necessárias às palavras de Jesus, que permaneceram envoltas em um véu desde o seu aparecimento. Alargou os horizontes do conhecimento humano falando ao homem de suas origens, de seu destino e de seu objetivo como Espírito imortal. O Espírito de Verdade é a expressão do pensamento divino manifesto nos Espíritos Superiores responsáveis pela Codificação kardequiana. É um grupo de Espíritos que trabalham em nome do Bem e para estabelecimento do Reino de Deus na face da Terra. O Espiritismo é, pois, uma doutrina cristã. O Espiritismo é muito mais do que uma religião. No Evangelho Segundo o Espiritismo, há um texto do Espírito de Verdade, no capítulo VI, item 5, que assim nos fala: "Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; os erros que nele se enraizaram são de origem humana...". E ainda um comentário de Alan Kardec, no capítulo XVII, item 4, que resume: "O Espiritismo não cria uma nova moral, mas facilita aos homens a compreensão e a prática da moral do Cristo ao dar uma fé sólida e esclarecimento aos que duvidam ou vacilam". Rejeitar o caráter cristão do Espiritismo é rejeitar toda a essência da doutrina, que é a mesma da doutrina de Jesus. Os intelectuais, de uma maneira geral, rejeitam secularmente a religião ou tudo o que se envolve com ela, pois julgam que tais instituições são castradoras da liberdade. Mas, no caso de intelectuais espíritas, tal atitude é incompreensível. Os ensinamentos dos Espíritos superiores resumem a questão, dizendo que o Espiritismo não só é cristão, como é o próprio Cristianismo que ressurge mais forte, trabalhando com a racionalidade, ampliando o conhecimento do homem e endereçando o mesmo ao entendimento de si mesmo.
O que mais é motivo de rejeição por parte dos adeptos de outras religiões, católicos e evangélicos, é a REENCARNAÇÃO. Exatamente o fato que fundamenta a justiça divina e dá mais lógica e sentido às nossas vidas. Para entender o Espiritismo, é preciso saber que a base de toda a religião está exposta nas cinco obras de Allan Kardec. O Espiritismo é uma fé e uma doutrina cujas manifestações – contato com espíritos, regressões a vidas passadas e textos psicografados – poderiam ser comprovadas através do método dedutivo herdado da ciência. Segundo o Espiritismo, todo homem é um médium, um canal de comunicação entre os vivos e os espíritos. Por isso, não existe um papa espírita nem qualquer tipo de hierarquia dentro da religião (a ausência de paramentos e cerimoniais também é uma característica “racionalista” dentro da fé espírita). Nos centros espíritas, por exemplo, a função de liderança geralmente está reservada ao médium mais experiente ou ao próprio fundador do centro. A simplicidade pregada pelo Espiritismo também estaria explicitada pela inexistência de grandes rituais de passagem como casamentos, batismos e enterros. Isso porque os espíritas acreditam ser desnecessário o vínculo com Deus – “a inteligência suprema”, como prega Allan Kardec. Céu, inferno e diabo virtualmente não existem no horizonte espírita. Isso porque o Bem e o Mal podem estar dentro de cada um, sem que haja a necessidade de uma localização para cada um. “Fora da caridade não há salvação”, prega a mais famosa frase de Allan Kardec. Pode-se discordar ou mesmo refutar desdenhosamente os princípios do Espiritismo. Porém, é virtualmente impossível fazer troça ou ignorar o legado de respeito ao próximo difundido por essa religião. Um princípio que, tranquilamente, pode ser seguido por qualquer um que habite o nosso planeta. Acredite em Deus ou não. A religião espírita não é a religião do maravilhoso, do sobrenatural, do mágico, do oculto, do mistério, pois “toda a sua extensão é alcançável através do conhecimento” (A. Grimm). Na visão espírita, a interpretação religiosa não está isolada de outros segmentos de entendimento humano, como a ciência e a filosofia. A ciência, a filosofia e a religião são interdependentes e se completam, resultando em um quadro muito mais amplo de entendimento do ser humano e da vida do que cada uma delas consideradas isoladamente. Para a Doutrina, a religião não necessita de templos, de cultos, de cerimônias, de rituais, de fórmulas, de prescrições, de sacrifícios, de promessas, de sacramentos. Ser religioso, para a Doutrina, não é pertencer a uma igreja, a uma instituição formal. Não há necessidade de sacerdotes; não há intermediários na ligação entre pessoa, criatura, e o seu Criador, Deus. O Espiritismo NÃO vincula a si, como as outras religiões fazem, os conceitos de salvação, de culpa, de castigo, de pecado, mas sim aos de consciência, responsabilidade, avaliação crítica dos atos praticados. A religião espírita é uma religião interior. É transformação individual e isso significa que ninguém poderá fazer algo por mim, para que eu me salve. O Espiritismo prega ,de maneira intensa e extensa, a modificação de comportamento da pessoa segundo valores que ampliam a consciência de sua unidade com o Criador. Modificar não para agradar a Deus, mas para que possa assim alcançar a felicidade que tanto deseja. O Espiritismo não é a doutrina da negação, da condenação, do não, mas a doutrina da responsabilidade e da transformação.

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